segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Menina Linda

Acho fantástico este auto-retrato da Rafinha.


É muito bom saber que se vê feliz... muito feliz pelo jeito.

Talentosa Luíse 2

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


- Mary, tira esse... esse "fossão" daí!

- "Fossão"... o que é isso?
- A Tyffani tem focinho... a Mary tem "fossão".

By Rafinha

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pensar é fácil. A mente solta faz piruetas com as emoções e tudo é abstrato, sem forma e indistinto. É mais fácil que falar.

Falar é fácil. A boca mexe e centenas de vocábulos aprendidos desde a infância dançam no ar, causando estranheza ou concordância com o interlocutor. É mais fácil que escrever.

Escrever... escrever é difícil.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fuzil

Suas pernas ágeis já não mais respondiam aos comandos do seu cérebro também exausto. O fuzil que já era pesado antes se tornava agora impossível de carregar. O que mais lhe incomodava era o barulho ensurdecedor de granadas, tiros, explosões.

Num momento, um jovem comum, cheio de futuros possíveis, perfeitamente imagináveis e calculados. Música ao rádio, sorrisos e beijos de bocas cada vez mais conhecidas. Meninas e meninos ao redor, carros e irresponsabilidade. Estava tudo certo até aquele dia que seria o dia maldito. Uma intimação selou seu destino traçado.

Já com a vista falhando e os joelhos arqueados, jogou-se ao buraco mais próximo que encontrou. Coberto de lama até as orelhas, tentava livrar a boca para respirar. Um jovem corpo, até pouco tempo vívido e falante, boiava ao seu lado imóvel e com os olhos escancarados. Nadou até uma vala rasa próxima, deitando-se sob os arbustos. Fechou os olhos e cobriu os ouvidos. Já havia vivido demais aquilo.

Morreram amigos, mataram seu futuro. Sua vontade e sua euforia foram dizimadas. Já não mais via nenhuma graça em ser jovem. Cantarolava Beatles em sua cabeça e transformou cada tiro em nota musical, cada explosão em compasso de bumbo, todo e qualquer movimento em dança.

Naquele buraco sujo, naquela poça de lama e sangue, o último a morrer foi o poeta.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sevirol

Minha filha riu da expressão que usei para acordá-la para o raciocínio. Talvez seja duro demais cobrar de uma menina de 10 anos que raciocine tão logicamente. Aliás, “bocaberta” é meu segundo nome, não posso cobrar muito dela. Aos 13 anos, mesmo depois do primeiro beijo de língua, ainda brincava de carrinhos no pátio de terra.

Dia desses, arrumei as coisas para a academia. Eu e as crianças fazíamos natação aos sábados. Alguns raros momentos em que saíamos os 4 juntos. Na pressa, esqueci-me de colocar toalha na mochila da mais velha. Só percebemos na hora de sair da piscina, como sempre, num momento em que não havia mais volta.

Não pestanejei em ceder a minha toalha para ela, afinal o erro foi meu. Sob os olhos fulminantes de minha esposa, passei a toalha em mãos para ela. Nem ela nem eu imaginávamos como eu iria me secar.

Passei a pensar logicamente “O que era vitalmente necessário em minha mochila?”: Cueca, talvez. Calças, camisa, blusão. Olhei as meias e pensei: Minhas pequenas toalhinhas.

Saí primeiro que elas e aguardei na recepção. Minha esposa quase passou por mim com a toalha na mão e incrédula me perguntou: - Como tu te secaste?

Um sorriso e um olhar superior foram o suficiente.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ciúmes

A Rafaela não pôde ver o desenho da Luíse ser escaneado. Correu no quarto e mandou ver na canetinha.

- Ó pai... Coloca lá no computador!



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Hoje acordei com ela me olhando por sobre o edredom, reclamando de dor de barriga. Senti que estava com febre e dei o remédio, no que ela respondeu de imediato com uma cara de nojo:

- Urgh, tem gosto de parede.

Talentosa Luíse

terça-feira, 26 de maio de 2009

Ícones


By Luíse

Cabritos

Paramos no caminho da escola para acariciar uns cabritinhos. Constantemente passávamos e víamos os bichinhos à beira da estrada, pastando ao lado de suas mamães. Assim como a Rafaela, eu era tomado por uma sensação estranha de que aqueles bichinhos precisavam de um carinho.

- Presta a atenção nos olhinhos dele filha, são diferentes.
- É mesmo pai... E ele é tão pequenininho.

Pêlos macios, assim como os cabelos dela. Acariciamos os bichinhos como se fossem crianças pequenas. Como se fôssemos, os dois, crianças pequenas.

Levei-a, como de costume, com mochila e lancheira nas mãos até a fila da professora. Minha menina magrinha e cabeluda, se arrastando com aqueles badulaques que parecem feitos para crianças adultas. Sempre insegura, ela normalmente me pede para ir só quando já estiver na sala de aula. Beijei seu rosto e abracei forte, me virei e rumei para o meu posto de observação de sempre, ao lado de outras mães e pais atarefados.

Pela primeira vez ela olhou para mim e disse:

- Pode ir pai... – Sorriu com os olhinhos pequenos - Vai!

O caminho de volta pra casa foi difícil, doído e triste. Ela gradativamente vai deixar de ser minha cabritinha!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Poesia da Fé

Quem me conhece sabe, não creio em Deus como a maioria. Tenho pavor de qualquer tipo de poda ideológica, religiosa, de gênero ou raça. Entretanto, vejo poesia na fé. Essa letra traduz a beleza da composição de Lúcio Barbosa.

Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer

Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer

Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Notas do caminho

Se não penso não me sinto assim, sempre o mesmo. Me repito em mim diversas vezes.
Quando canto... eu sou outro.

Menos no refrão.

Assistência Social

Perdido entre repartições de um inferno partidário e inserido em um contexto politiqueiro e sem preocupação real com o ente mais importante de seu trabalho: O Carente.

Assim vive hoje o profissional do Serviço Social, desviado de seu objetivo e de sua capacidade, ele é constantemente confundido com um funcionário público comum.

E para aquele que não entende o que quer dizer “carente”, encontrando em seu significado o ser mais miserável possível, talvez a verdade lhe surpreenda. Carente não são apenas aqueles que, sem recursos, se amontoam nas periferias das nossas cidades. Carente é aquele que não conhece os seus direitos de cidadão e é constantemente ludibriado pelos que deveriam defendê-lo: Os políticos.

Utilizado muitas vezes por interesses parciais, o profissionais do serviço social vivem hoje sem identidade, confundidos com cadastradores de serviços do governo federal ou como distribuidores de cestas básicas. O seu trabalho real é deixado de lado pelos interesses de reeleição.

Um investimento na área e uma organização de recursos causariam nas cidades e estados brasileiros uma onda de progresso, trazendo a população para perto de seus direitos e deveres. Onde há civilidade há orgulho. E onde há orgulho há desenvolvimento social e humano.

Temo pelos nossos profissionais. Eles têm uma grande batalha pela frente!

Sua luta é com a realidade. Alterá-la é sua missão. Informação levada a quem mais precisa. Levar recurso onde há apenas esperança.