terça-feira, 26 de maio de 2009

Cabritos

Paramos no caminho da escola para acariciar uns cabritinhos. Constantemente passávamos e víamos os bichinhos à beira da estrada, pastando ao lado de suas mamães. Assim como a Rafaela, eu era tomado por uma sensação estranha de que aqueles bichinhos precisavam de um carinho.

- Presta a atenção nos olhinhos dele filha, são diferentes.
- É mesmo pai... E ele é tão pequenininho.

Pêlos macios, assim como os cabelos dela. Acariciamos os bichinhos como se fossem crianças pequenas. Como se fôssemos, os dois, crianças pequenas.

Levei-a, como de costume, com mochila e lancheira nas mãos até a fila da professora. Minha menina magrinha e cabeluda, se arrastando com aqueles badulaques que parecem feitos para crianças adultas. Sempre insegura, ela normalmente me pede para ir só quando já estiver na sala de aula. Beijei seu rosto e abracei forte, me virei e rumei para o meu posto de observação de sempre, ao lado de outras mães e pais atarefados.

Pela primeira vez ela olhou para mim e disse:

- Pode ir pai... – Sorriu com os olhinhos pequenos - Vai!

O caminho de volta pra casa foi difícil, doído e triste. Ela gradativamente vai deixar de ser minha cabritinha!

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